Falar de Chico César é falar de um Brasil que pensa, sente e canta com o coração. Desde os anos 1990, quando despontou com “Mama África”, ele tem usado sua arte como uma forma de diálogo com o país. Suas letras misturam poesia, crítica social e afeto, e seu repertório continua ecoando entre gerações. Chico nunca foi apenas um cantor — é um cronista do Brasil, um observador atento das contradições e belezas do nosso povo.
Ao longo dos anos, ele construiu uma obra sólida e múltipla. “À Primeira Vista” se tornou uma das canções de amor mais belas da MPB; “Deus Me Proteja”, um verdadeiro mantra popular que atravessou fronteiras e foi regravado por diversos artistas; “Respeitem Meus Cabelos Brancos”, um hino de dignidade e orgulho negro. Cada uma dessas músicas é uma pequena lição de humanidade, escrita com a simplicidade de quem entende que a arte é ponte e não muro.
Confira “Deus Me Proteja”:
Hoje, Chico continua ativo, se apresentando em festivais, lançando discos e participando de debates culturais e políticos. Ele é um dos poucos artistas que transitam entre a arte e o ativismo com naturalidade, sem perder a ternura nem a coerência. Nos palcos, mantém o mesmo brilho de sempre — aquele sorriso manso, os cabelos rebeldes, a fala firme e afetuosa. Fora deles, segue engajado na defesa da cultura, dos direitos humanos e da diversidade.
O que faz de Chico César um ícone não é apenas sua obra, mas sua postura. Ele representa um tipo de artista que o Brasil precisa preservar: aquele que entende que cantar é também educar, emocionar e transformar. Chico é um griot moderno, guardião das palavras, das melodias e das memórias. Sua trajetória prova que é possível ser popular e profundo, político e poético, artista e cidadão. E enquanto houver alguém disposto a ouvir, Chico continuará sendo a voz que traduz o Brasil — com humor, sabedoria e coragem.
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