O lendário guitarrista Lanny Gordin nos deixou há exatos dois anos, em 28 de novembro de 2023, no mesmo dia em que completou 72 anos.
Guitarrista importantíssimo para a história da música popular brasileira, Lanny esteve presente em álbuns antológicos da nossa história e é sobre eles que vamos falar hoje. Mas antes, um pouco da história deste grande artista.
Sobre Lanny Gordin
Nascido Alexander Gordin, em Xangai, na China, de pai russo e mãe polonesa, Lanny viveu em Israel até os seis anos, quando mudou-se com a família para o Brasil.
Seu pai era co-proprietário da casa noturna paulistana Stardust, onde o artista se apresentou pela primeira vez ao lado de músicos como Hermeto Pascoal e Heraldo do Monte.
Com este Heraldo, Gordin participou do Brazilian Octopus, que também contava com o guitarrista alemão Olmir Stocker.

Em 1969, Pepeu Gomes veio morar com Lanny Gordin por seis meses e – neste período – revezaram-se na guitarra e no baixo em um grupo que incluía ainda Hermeto nos teclados e Paulinho da Costa na percussão. Por serem menores de idade, ambos tinham de se esconder na cozinha quando o Juizado de Menores vinha fiscalizar a Stardust.
Os primeiros trabalhos de maior projeção de Lanny Gordin se deram com artistas da Jovem Guarda. Uma de suas gravações deste período é a canção “Nem Sim, Nem Não”, de Eduardo Araújo, registrada em 1968.
Gordin passou então a tocar com artistas da Tropicália, gravando os discos:
1 – Gal Costa – de Gal Costa (1969)
2 – Gal – de Gal Costa (1969)
3 – Caetano Veloso (também conhecido como Álbum Branco) – de Caetano Veloso (1969)
4 – Gilberto Gil – de Gilberto Gil (1969)
5 – LeGal – de Gal Costa (1970)
6 – Fatal – A Todo Vapor – de Gal Costa (1971)
7 – Araçá Azul – de Caetano Veloso (1972)
8 – Expresso 2222 – de Gilberto Gil (1972)
Lanny Gordin também toca no álbum de estreia da carreira solo de Rita Lee, “Build Up”, lançado originalmente em 1970, enquanto ela ainda estava na banda Os Mutantes e no primeiro disco de Jards Macalé:
9 – Build Up – de Rita Lee (1970)
10 – Jards Macalé – de Jards Macalé (1972)
E também no álbum de Erasmo Carlos que é considerado um marco da guitarra no Brasil:
11 – Carlos, Erasmo (1971)
Além desses álbuns, o guitarrista tocou no hit “Chocolate“, de Tim Maia (1971) e acompanhou artistas do calibre de Elis Regina, Tom Zée Jair Rodrigues em seus shows.
Do fim da década de 1970 até os anos 1990, Gordin viveu praticamente sem atividades artísticas, em decorrência da esquizofrenia que desenvolveu ainda jovem e do uso de substâncias químicas.
Ainda assim, é possível ouvir sua guitarra em trabalhos com nomes como Aguilar e a Banda Performática, Itamar Assumpção, eno álbum de estreia de Chico César:
12 – Aos Vivos – de Chico César (1995)
Pouco antes de completar 50 anos, Gordin passou a frequentar o CRUSP (Conjunto Residencial da USP) e a tocar com artistas iniciantes do local. Aos poucos, foi se apresentando novamente no circuito artístico de São Paulo e reavivando na memória do público sua guitarra.
Ele chegou a lançar um disco solo em 2001, trabalho que desencadeou no Projeto Alfa, com o qual lançou dois álbuns.
Em 2007, também lançou o disco “Duos”, que conta com a participação de nomes como os baianos Gal Costa, Gilberto Gil, Caetano Veloso e Tom Zé e outros artistas como Zeca Baleiro, Fernanda Takai, Vanessa da Mata, Adriana Calcanhoto, Max de Castro e Rodrigo Amarante.
Depois, Lanny Gordin ainda lançou os discos “Auto-Hipnose” (2010, em parceria com Kaoll) e “Lanny’s Quartet & All Stars” (2014), com participações Luiz Carlini, Frejat, Pepeu Gomes, Sérgio Dias e Edgard Scandurra.
Em 2012, o artista foi incluído na lista “30 maiores ícones brasileiros da guitarra e do violão” da revista Rolling Stone Brasil.

