Neste semana, celebramos os 124 anos do nascimento de Cecília Meireles e também os 61 anos de sua morte. Nascida no Rio de Janeiro, em 07 de novembro de 1901, a escritora e poeta faleceu dois dias depois de completar 63 anos – por conta de um câncer no estômago – no dia 09 de novembro de 1964.
E, você sabia, que Cecília Meireles teve um de seus poemas musicado por um dos maiores nomes da música popular brasileira de todos os tempos e que também é escritor? Sim! Estamos falando de Chico Buarque!
Chico musicou a poesia de Cecília Meireles, para a sua canção “Tema de ‘Os Inconfidentes’” – lançada por Nara Leão, em seu álbum de 1968 – e regravada por ele dois anos depois, com a participação do conjunto MBP4, no disco “Chico Buarque de Holanda Nº4”.
O poema faz parte da obra “O Romanceiro da Inconfidência”, publicado pela escritora em 1953. Na época, Cecília Meireles trabalhava como jornalista e foi fazer uma reportagem sobre a Semana Santa em Ouro Preto (Minas Gerais) Envolvida pelos ares da cidade, ela aprofundou uma pesquisa sobre a Inconfidência Mineira, que resultou no livro que – de forma lírica e dramática – conta a saga dos libertários.
Em 85 “romances”, mais quatro “cenários” e outros de prólogo e êxodo, Cecília evoca primeiro a escravidão dos africanos na região central do planalto em episódios da exploração do ouro e dos diamantes no século XVIII; logo o centro da coletânea é dedicado ao destino dos heróis da chamada Inconfidência Mineira: Joaquim José da Silva Xavier – o Tiradentes – Tomás Antônio Gonzaga e sua noiva e amada Marília de Dirceu, bem como de outras figuras históricas implicadas no acontecimento, denunciando o sistema colonial que favorece a exploração dos desvalidos.
“Foi trabalhar para todos
E vede o que lhe acontece
Daqueles a quem servia
Já nenhum mais o conhece
Quando a desgraça é profunda
Que amigo se compadece?”
A música recebeu uma versão em italiano por Sergio Bardotti, chamada “In Memoria Di Un Congiurato”, que entrou para o álbum “Per un Pugno di Samba – Chico Buarque e Ennio Morricone”, de 1970.
Mais sobre Cecília Meireles
Cecília Meireles foi uma das maiores poetas e escritoras do nosso país, considerada por muitos como a mais importante mulher da literatura brasileira. Também pintora, jornalista e professora, ela foi um dos grandes nomes do Modernismo brasileiro e contribuiu ativamente para a nossa cultura.
Sua obra de caráter intimista possui forte influência da psicanálise, com foco na temática social. Embora apresente características simbolistas em seus escritos, Cecília destacou-se na segunda fase do Modernismo no Brasil, no grupo de poetas que consolidaram a chamada “Poesia de 30”.
Em 1919, com apenas 18 anos, publicou sua primeira obra: um livro de poemas chamado “Espectros”. Com uma obra densamente feminina, Cecília Meireles foi uma escritora muito prolífica, escreveu muitas poesias, incluindo infantis. Entre suas principais obras, estão:
- Criança, meu Amor (1927)
- Batuque, Samba e Macumba (1933)
- Viagem (1939)
- Romanceiro da Inconfidência (1953)
- Ou Isto ou Aquilo (1964)
- Solombra (1964)
A escritoraficou reconhecida mundialmente, uma vez que suas obras foram traduzidas para muitas línguas. Pelo trabalho realizado na literatura, ela recebeu diversos prêmios, como:
- Prêmio de Poesia da Academia Brasileira de Letras, pelo livro “Viagem” (1938)
- Prêmio Jabuti de Tradução de Obra Literária pelo livro “Poesia de Israel” (1963)
- Prêmio Jabuti de Poesia, pelo livro “Solombra” (1964)
- Prêmio Machado de Assis (1965)
Além disso, ela realizou palestras e conferências sobre educação, literatura brasileira, teoria literária e folclore, em diversos países do mundo.
Cecília Meireles também combateu ativamente o uso da palavra “poetisa“, considerando ser uma discriminação de gênero que apenas depunha as poetas mulheres, como se houvesse caminhos distintos para um poeta homem e uma poeta mulher.

Lívia Nolla
Lívia Nolla é cantora, apresentadora e pesquisadora musical

