Ministro Alexandre de Moraes aponta violação do monitoramento, tentativa de asilo e mobilização política para fuga
O ex-presidente Jair Bolsonaro foi preso na madrugada deste sábado, 22, após tentar romper a tornozeleira eletrônica que o mantinha em prisão domiciliar. Segundo apurou o SBTNews, a tentativa ocorreu à 0h08, com o uso de um instrumento térmico que danificou o equipamento.
O sistema de monitoramento detectou a violação, e uma nova tornozeleira precisou ser instalada. À 1h24, a Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou parecer favorável à prisão, e às 2h o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a prisão preventiva do ex-presidente, que foi levado para a superintendência da Polícia Federal.
Vídeo de vistoria
Uma gravação foi feita durante a vistoria realizada pelos agentes do sistema de monitoramento. Uma das agentes pergunta ao Jair Bolsonaro se ele havia utilizado alguma coisa para queimar o equipamento, onde ele admite ter usado “ferro quente de solda” (veja abaixo).
Investigadores também enxergam como suspeita a convocação feita por Flávio Bolsonaro (PL-RJ), que chamou apoiadores para uma vigília em frente à casa do pai, o que pode ter servido como cortina de fumaça para encobrir a violação e preparar uma rota de fuga.
Na tarde deste sábado, Bolsonaro admitiu ter usado “ferro de solda” para romper a tornozeleira eletrônica, segundo o relatório da Secretaria de Administração Penitenciária do governo do DF. O documento ainda aponta que o objeto possuía queimaduras em sua circunferência.
Fundamentos da prisão preventiva
Na decisão, Moraes afirma que a prisão foi motivada por novos elementos apresentados pela Polícia Federal, sustentados pela PGR, que indicam:
- Risco concreto de evasão, com tentativa de violação da tornozeleira eletrônica;
- Possibilidade de refúgio em embaixadas próximas à residência, com base em apurações que revelam discussões sobre pedido de asilo diplomático;
- Ocorrência recente de fugas de outros réus ligados ao mesmo núcleo político, o que sugere repetição de estratégia;
- Obstrução da fiscalização da prisão domiciliar por meio de convocação pública de vigília por parlamentar e familiar direto, potencializando aglomerações e dificultando o cumprimento de ordens judiciais.
O ministro ainda relembrou que o ex-presidente já havia descumprido medidas judiciais anteriores, como o uso não autorizado de redes sociais e outras ações em desacordo com as restrições da prisão domiciliar. Segundo ele, os fatos demonstram “recorrente tentativa de frustrar o sistema de justiça” por meio de atos indiretos, articulados e com o respaldo de aliados políticos.
A tornozeleira danificada está sob perícia. A defesa de Bolsonaro ainda não se manifestou oficialmente.

