A decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor uma tarifa de 50% sobre as exportações brasileiras ao país pode atingir duramente cinco Estados brasileiros: São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo e Rio Grande do Sul. Juntos, eles responderam por mais de 70% das exportações brasileiras aos EUA no primeiro semestre de 2025.
São Paulo lidera esse grupo, com US$ 6,4 bilhões exportados — cerca de 32% do total nacional —, tendo o suco de frutas como um de seus principais produtos, que agora enfrenta incertezas com a nova taxação. Os demais Estados se destacam por exportações de petróleo, aço, café, tabaco e celulose.
A tarifa de Trump ameaça a competitividade desses produtos no mercado americano, podendo gerar queda nas vendas e impactos negativos na produção industrial, incluindo possíveis demissões. Além disso, a imposição de tarifas poderá afetar a arrecadação dos portos desses Estados, especialmente o de Santos (SP), que sozinho respondeu por um terço das exportações brasileiras aos EUA.
O movimento de Trump foi justificado por ele como resposta à “caça às bruxas” contra Bolsonaro, seu aliado político, e a supostas restrições à liberdade de expressão no Brasil. Em resposta, o governo brasileiro estuda aplicar medidas de reciprocidade com base na nova Lei de Retaliação Econômica.
As consequências também podem atingir a outra ponta do comércio: as importações. São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Minas Gerais e Espírito Santo concentram mais de 70% das compras de produtos americanos, como medicamentos, máquinas e combustíveis.
Com o real desvalorizado e uma possível retaliação brasileira, esses produtos tendem a encarecer. Apesar das tensões, o comércio bilateral entre Brasil e EUA seguiu em alta no primeiro semestre de 2025, com destaque para as exportações de carne bovina, suco e café. Ainda assim, especialistas alertam que a continuidade dessa relação está ameaçada pelas medidas protecionistas adotadas por Washington.

