Jamelão não foi apenas um ícone do samba. Ele foi a própria Mangueira transformada em voz humana. Durante décadas, seu canto anunciou ao mundo os desfiles da escola com a força de quem conhece intimamente a alma do carnaval. Jamelão era a tradução fiel do orgulho mangueirense.
O que poucos sabem é que Jamelão não começou no samba. Antes, foi baterista e até tocou em bailes populares. Quando decidiu cantar, o Brasil ganhou uma das vozes mais marcantes de sua história. Ele tinha um timbre inconfundível, cheio de potência dramática. Jamelão não interpretava sambas. Ele os vivia.
Uma curiosidade saborosa: Jamelão tinha personalidade forte. Reclamava quando achava que deveria. Era famoso por não aceitar brincadeiras desrespeitosas. Dizia que era puxador e nunca “cantor de marchinha”. Orgulhava-se da responsabilidade de carregar a emoção da Mangueira em cada desfile.
Além da carreira ligada à escola de samba, Jamelão também brilhou como intérprete de boleros. Seus discos com clássicos românticos arrepiam até hoje. Ele tinha essa dualidade deliciosa: o sambista raiz que também sabia sofrer de amor sem perder a elegância.
Jamelão passou mais de meio século puxando os sambas da Mangueira. Seu legado é tão grande que se confunde com a própria história do carnaval. Transformou desfiles em óperas populares, tirou lágrimas da arquibancada e fez o povo sentir orgulho de sua cultura.

Ele era artista sem firulas, sincero até o fundo. O samba o reconheceu como um rei que nunca precisou de coroa. Seu canto continua ecoando quando a bateria rufa e a verde e rosa entra na avenida. Falar de Jamelão é recordar que certos artistas não se aposentam nem depois da morte. Permanecem guardados como patrimônio afetivo de um país inteiro.
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