Completando 75 anos hoje, a cantora e compositora paraense Jane Duboc tem uma grande contribuição para a história da MPB.
O início de tudo
Natural de Belém do Pará, Jane Duboc já aos 13 anos, participava de festivais, aparecia na televisão local e fazia apresentações filantrópicas no colégio onde estudava.
Desde cedo, ela não apenas cantava, mas também se destacou no campo esportivo: nadadora, jogadora de vôlei, tênis e tênis de mesa, Jane acumulou medalhas estaduais. Tanto que a Assembleia Legislativa do Pará criou o prêmio “Jane Duboc Vaquer” para incentivar esportistas locais.
Aos 17 anos, a artista e esportista recebeu uma bolsa de estudos para viver nos Estados Unidos, onde ficou aproximadamente seis anos, estudando orquestração, canto lírico, flauta e arte dramática. Lá também se apresentou como cantora em bares, boates e igrejas, além de atuar no ramo da publicidade.
De volta ao Brasil na década de 1970, Jane Duboc formou o grupo Fein e gravou o compacto “Pollution”, produzido por Raul Seixas, cuja letra foi considerada subversiva pela censura da época.
Para solucionar o veto à canção, a cantora gravou tudo em scat: técnica de canto criada pelo músico americano Louis Armstrong eusada por cantores de jazz, que consiste em cantar vocalizando – ou sem palavras ou usando palavras sem sentido e sílabas – equivalente a um solo instrumental apenas usando a voz.
Jane Duboc também integrou o coral da Rede Globo, participou de trilhas sonoras de filmes e peças de teatro, colaborou com nomes como Egberto Gismonti e participou de projetos regionais como “Música Popular do Norte”.
A consolidação na MPB: anos 80 e sucesso romântico
Nos anos 80, a cantora iniciou uma fase de maior visibilidade no cenário da MPB, com temas românticos que conquistaram rádios e novelas. Destacam-se as canções:
- Chama da Paixão (Cido Bianchi e Thomas Roth)
- Sonhos (Lincoln Olivetti, Robson Jorge e Mauro Motta)
- Besame (Flávio Venturini e Murilo Antunes)
Em 1982, Jane Duboc participou do festival MPB-Shell com a música “Doce Mistério (Tentação)” (Tunai e Sérgio Natureza) e classificou-se em terceiro lugar.
Na sua fase romântica, a cantora alcançou enorme divulgação e reconhecimento nacional, inserindo-se no rádio, na TV e no imaginário popular.
Versatilidade, jazz e reconhecimento internacional
A trajetória de Jane Duboc também abarca incursões no jazz, musicais, gravações internacionais e releituras sofisticadas. Em 1994, gravou com o saxofonista norte-americano Gerry Mulligan o álbum “Paraíso”, que teve lançamento inclusive no Japão.
Em 2002, comemorou 30 anos de carreira com o CD “Sweet Lady Jane”, gravado em Nova York e com produção de Ivan Lins. Ainda no mesmo ano, foi convidada pelo maestro Nelson Ayres para cantar com a Israel Philharmonic Orchestra (do maestro Zubin Mehta), um momento raro para uma cantora brasileira na esfera sinfónica.
Jane Duboc também foi incluída em coletâneas internacionais, como o álbum “PINK – Champagne” que reuniu grandes vozes femininas de jazz e pop mundial.
Além da música, Jane Duboc também já dedicou-se ao universo infantil e à dramaturgia musical. Em 2021, criou o espetáculo digital “Ilustre Criança” onde atuou como atriz, compositora e diretora musical, com foco em preservação ambiental, bullying e inclusão.
Publicou audiolivros e trouxe ao palco temas para crianças, mostrando que sua voz ultrapassa o palco-show e atinge o terreno da educação cultural.
Em 2025, Jane Duboc celebra 75 anos de vida e quase seis décadas de atuação artística, sempre com uma postura de curiosidade, versatilidade e elegância vocal. Recentemente, realizou o show “Você e Eu”, em homenagem ao compositor Carlos Lyra, e lançou o álbum homônimo, ao lado do violonista Nelson Faria.
Além da beleza e precisão vocal, Jane Duboc representa uma ponte entre a música brasileira popular, o jazz, a performance educativa e a internacionalização da voz feminina brasileira.
Sua voz foi classificada pela revista Rolling Stone Brasil como a 73ª maior voz da música brasileira.

