Autor húngaro é reconhecido por sua obra marcada pelo apocalipse e pela força estética da linguagem.
O escritor húngaro László Krasznahorkai foi anunciado nesta quinta-feira (9) como o vencedor do Prêmio Nobel de Literatura de 2025, segundo a Academia Real das Ciências da Suécia. O autor receberá 11 milhões de coroas suecas, o equivalente a aproximadamente R$ 6,2 milhões, além da tradicional medalha de ouro entregue aos laureados.
A justificativa oficial destacou a obra do escritor como “convincente e visionária”, sustentada por uma linguagem que, mesmo imersa em atmosferas apocalípticas, reafirma “o poder da arte”.
“Krasznahorkai é um grande escritor épico da tradição centro-europeia que vai de Kafka a Thomas Bernhard“, afirmou a Academia em nota pública.
“Sua literatura, marcada pelo absurdismo e pelos excessos grotescos, também se abre para uma inflexão mais contemplativa e calibrada, especialmente a partir de sua aproximação com o Oriente.” Segundo o comunicado, as passagens do autor pela China e Japão deixaram impressões profundas em sua escrita.
Da Hungria ao reconhecimento global
László Krasznahorkai nasceu em Gyula, cidade húngara próxima à fronteira com a Romênia, em 1954. Estudou latim e formou-se em direito pela antiga Universidade József Attila (atualmente Universidade de Szeged), além de ter frequentado a Universidade Eötvös Loránd, em Budapeste.
Seu primeiro livro, “Sátántangó”, foi publicado em 1985 e retrata um grupo de fazendeiros à beira do colapso social nos estertores do regime comunista. A obra teve grande repercussão na Hungria e foi adaptada para o cinema pela diretora Béla Tarr, em 1994.

Obra marcada pela distopia e pelo grotesco
O segundo romance de Krasznahorkai, “A Melancolia da Resistência” (1998), consolidou sua reputação. A história gira em torno de uma cidadezinha onde a chegada de um circo — cuja principal atração é a carcaça de uma baleia — desencadeia eventos violentos e disruptivos.
A crítica norte-americana Susan Sontag classificou o escritor como “mestre do apocalipse”, ressaltando o uso de cenas oníricas, personagens extremos e uma narrativa que põe em confronto a ordem e a desordem. “Ninguém pode escapar dos efeitos do terror”, escreveu.

