Presidente brasileiro também se ofereceu como interlocutor entre Estados Unidos e Venezuela, e propôs suspensão temporária de tarifas enquanto acordo é discutido.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu neste domingo (26) com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em Kuala Lumpur, na Malásia, à margem da cúpula da ASEAN. No primeiro encontro oficial entre os dois chefes de Estado desde a posse de Trump, os líderes discutiram a retirada das tarifas comerciais sobre produtos brasileiros e o fim da aplicação da Lei Magnitsky, que impõe sanções a autoridades do Brasil. A conversa durou 45 minutos.
Segundo o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, o diálogo teve um tom “positivo, franco e colaborativo”. Lula solicitou o fim imediato das sanções e a retirada das barreiras comerciais, enquanto Trump afirmou que o tema será tratado “com agilidade” e que “tudo tem que ser resolvido em pouco tempo”.
Negociações começam ainda neste domingo
De acordo com Vieira, as equipes técnicas dos dois países iniciariam ainda neste domingo uma rodada de conversas para construir um acordo. A expectativa do Itamaraty é concluir o processo em poucas semanas. O governo brasileiro também solicitou a suspensão temporária das tarifas enquanto as negociações estiverem em curso, mas até o momento não houve resposta formal dos Estados Unidos.
Na avaliação de Trump, as tarifas em vigor são “justas”, mas ele sinalizou que as negociações visam buscar soluções equilibradas. “Acho que faremos um acordo com o Brasil. Nos damos muito bem”, disse o presidente americano antes da reunião fechada com Lula. Ele também declarou ter “grande admiração pela trajetória política de Lula” e manifestou interesse em visitar o Brasil.

Bolsonaro e Venezuela entraram na pauta
Durante o encontro, Lula abordou também a situação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), condenado por tentativa de golpe e outros crimes. O presidente afirmou que o ex-mandatário teve amplo direito de defesa e que as condenações foram baseadas em provas documentais robustas. O julgamento de Bolsonaro foi citado anteriormente como um dos motivos para a imposição de sanções por parte do governo americano.
Lula também se ofereceu como interlocutor entre os Estados Unidos e a Venezuela, retomando uma tradição diplomática do Brasil em intermediar acordos na região. A proposta foi bem recebida por Trump, que agradeceu a disposição e sinalizou apoio à mediação.
Tive uma ótima reunião com o presidente Trump na tarde deste domingo, na Malásia. Discutimos de forma franca e construtiva a agenda comercial e econômica bilateral. Acertamos que nossas equipes vão se reunir imediatamente para avançar na busca de soluções para as tarifas e as… pic.twitter.com/aTXZthrb9Z
— Lula (@LulaOficial) October 26, 2025
Autoridades dos dois países acompanharam a conversa
Estiveram ao lado de Lula o assessor do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Márcio Elias Rosa, e o diplomata Audo Faleiro, da equipe do assessor especial da presidência Celso Amorim. Pela delegação americana, participaram o secretário de Estado, Marco Rubio; o secretário do Tesouro, Scott Bessent; e o representante do Comércio, Jamieson Greer.
Logo após a reunião, Lula publicou em suas redes sociais que teve uma “ótima reunião” com Trump, destacando o início das tratativas para eliminar as tarifas e as sanções. Segundo o presidente, “as equipes vão se reunir imediatamente para avançar na busca de soluções”.

