Morreu neste sábado (12), em São Paulo, aos 88 anos, o cineasta, escritor, professor e crítico de cinema Jean-Claude Bernardet. Nascido na Bélgica e naturalizado brasileiro, ele foi um dos nomes mais influentes da crítica cinematográfica no país. Diagnosticado com câncer de próstata, Bernardet optou por interromper os tratamentos e faleceu após sofrer um AVC, segundo informações do Hospital Samaritano. O velório acontece neste domingo (13), na Cinemateca Brasileira, onde ele teve papel fundamental ao longo da vida.
Professor emérito da Universidade de São Paulo (USP), Bernardet ajudou a consolidar o cinema como prática artística e campo de estudo político e social. Com uma trajetória intelectual rica, escreveu livros essenciais para a crítica cultural brasileira e colaborou em filmes como O Caso dos Irmãos Naves, Um Céu de Estrelas e Paulicéia Fantástica. Nas redes sociais, artistas e acadêmicos lamentaram a morte do intelectual, como a antropóloga Lilia Schwarcz, que destacou sua profundidade em tempos marcados pela superficialidade.
Bernardet defendia o cinema como instrumento de transformação, questionando a estetização da miséria em documentários e propondo uma arte comprometida com a realidade brasileira. Sua obra atravessou diferentes frentes — da crítica à atuação, do roteiro à direção — sempre buscando refletir sobre as contradições do país. Em 2023, ele mesmo curou uma mostra de seus filmes na Cinemateca, reafirmando sua relevância no debate cultural contemporâneo.

