A defesa de Jair Bolsonaro afirmou que recebeu com surpresa a notícia do indiciamento e garantiu que vai apresentar os esclarecimentos.
A Polícia Federal concluiu que o ex-presidente Jair Bolsonaro compartilhou pelo menos 363 vídeos via WhatsApp no dia 3 de agosto de 2025, contrariando determinação do ministro Alexandre de Moraes, que já o proibia de utilizar redes sociais próprias ou de terceiros.
A conclusão integra o relatório que embasou o indiciamento de Bolsonaro e do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) no inquérito sobre a aplicação da Lei Magnitsky por autoridades norte-americanas. O documento, enviado ao Supremo Tribunal Federal, indica que o conteúdo compartilhado tinha como foco as manifestações em apoio ao ex-presidente e críticas ao ministro Moraes.
PF identifica padrão semelhante ao de “milícias digitais”
Segundo os investigadores, o material analisado mostra que Bolsonaro utilizou o WhatsApp como meio alternativo para propagar mensagens, mesmo diante das restrições impostas pelo STF. A PF caracterizou esse comportamento como uma tentativa de burlar a ordem judicial e apontou semelhança com estratégias atribuídas a estruturas digitais organizadas.
“A investigação detalhou o compartilhamento e a dinâmica de algumas das mensagens referentes às manifestações em Salvador/BA, que foram disseminadas ao menos 363 vezes a partir do WhatsApp do ex-presidente”, diz o relatório.
Ainda segundo a PF, a conduta revela um modus operandi recorrente de mobilização digital, mesmo sob sanção judicial.

O relatório aponta que as mensagens continham trechos de vídeos sobre os atos públicos pró-Bolsonaro, além de conteúdos relacionados à aplicação da Lei Magnitsky contra o ministro do STF. A data das postagens coincidiu com manifestações realizadas em diferentes estados.
A defesa de Jair Bolsonaro afirmou que recebeu com surpresa a notícia do indiciamento e garantiu que vai apresentar os esclarecimentos solicitados pelo ministro Alexandre de Moraes dentro do prazo estabelecido.
O caso segue sob análise do Supremo Tribunal Federal. Moraes já determinou que a defesa do ex-presidente se manifeste formalmente sobre o episódio e os supostos descumprimentos das medidas cautelares.

