Líder da oposição foi reconhecida por sua atuação em defesa da transição pacífica e pela promoção dos direitos democráticos no país sul-americano.
A venezuelana Maria Corina Machado recebeu nesta sexta-feira (10) o Prêmio Nobel da Paz de 2025, concedido pelo Comitê Norueguês do Nobel, em reconhecimento à sua atuação em defesa dos direitos democráticos e da transição pacífica na Venezuela.
Em comunicado, o comitê afirmou que a líder “trabalhou incansavelmente pela democracia e pela liberdade do povo venezuelano, em meio ao autoritarismo crescente”. A honraria foi entregue em Oslo, na Noruega.
Segundo a instituição, Maria Corina “atende a todos os critérios estabelecidos no testamento de Alfred Nobel, por unir a oposição, resistir à militarização e apoiar uma transição pacífica”. A publicação também destacou que “a democracia está em retirada internacionalmente”, ressaltando o prêmio como símbolo da importância do direito ao voto, da livre expressão e da representação política como fundamentos para a paz.
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The Norwegian Nobel Committee has decided to award the 2025 #NobelPeacePrize to Maria Corina Machado for her tireless work promoting democratic rights for the people of Venezuela and for her struggle to achieve a just and peaceful transition from dictatorship to… pic.twitter.com/Zgth8KNJk9— The Nobel Prize (@NobelPrize) October 10, 2025
Prisão e perseguição política
Em janeiro deste ano, a opositora foi presa um dia antes da posse de Nicolás Maduro, durante uma manifestação contra o governo. Quando deixava o ato, houve tiros em direção ao grupo de apoiadores, e ela foi detida por algumas horas. Posteriormente, o partido opositor informou sua libertação. À época, Maria Corina relatou que foi “interceptada, ameaçada e levada a um local desconhecido”, além de afirmar ter sofrido agressões físicas durante a detenção.
O episódio marcou sua primeira aparição pública após meses afastada. Impedida de disputar as eleições presidenciais de 2024, ela apoiou o candidato Edmundo González, que se exilou na Espanha depois que o Conselho Nacional Eleitoral, controlado pelo chavismo, anunciou a vitória de Maduro. “Estamos mais unidos do que nunca. Maduro levou adiante um golpe de Estado”, declarou.
Histórico de atuação
A organização do Nobel descreveu Maria Corina como uma das principais vozes da resistência civil venezuelana. Em nota, destacou que “a oposição se mobilizou amplamente e documentou provas de que o verdadeiro vencedor da eleição foi o candidato oposicionista”.
Engenheira e economista, Maria Corina fundou em 1992 a Fundação Atenea, voltada ao acolhimento de crianças em situação de rua em Caracas. Uma década depois, criou a Súmate, organização voltada à defesa de eleições livres. Eleita deputada em 2010 com recorde de votos, foi expulsa da Assembleia Nacional quatro anos depois pelo regime chavista. Desde então, passou a liderar o partido Vente Venezuela, consolidando-se como figura central da oposição.
Em 2017, participou da criação da aliança Soy Venezuela, que reúne correntes políticas contrárias ao chavismo. Seis anos depois, anunciou candidatura à presidência, mas teve o registro barrado pela Justiça venezuelana.

