Hoje, celebramos o aniversário de Altair Gonçalves – ou Thaíde, como o Brasil inteiro conhece – e nada melhor do que revisitar sua trajetória nesta data especial.
Desde a periferia da Zona Sul paulistana, onde começou sua carreira, passando pelas origens do hip-hop brasileiro, até sua atuação como apresentador, ator e voz influente na cultura urbana.
Infância e adolescência: berço da cultura hip-hop
Nascido no dia 5 de novembro de 1967, na Vila Missionária, periferia da Zona Sul de São Paulo, Thaíde cresceu ouvindo de tudo: sambas de malandragem, forrós, música brega, além de soul music e grupos norte-americanos como Commodores e The Temptations.
Em meados dos anos 80, já dançava break-dance e ajudou na fundação de grupos de dança como Panteras Negras, Dragon Breakers e Back Spin, tendo como palco de experimentação a Rua 24 de Maio e a Estação São Bento, no centro de São Paulo
Esse contexto é fundamental: Thaíde se formou como artistas em um momento em que a cultura hip-hop ainda era nascente no Brasil: a dança, o scratch, o grafite e a rima começavam a ganhar corpo no país. E ele estava ali, de improviso, “batendo lata” de lixo como percussão e rimando nos bailes da periferia.
A dupla que marcou o rap nacional: Thaíde & DJ Hum
A parceria com DJ Hum – também rapper, DJ e produtor musical brasileiro – despontou como um divisor de águas. A dupla foi o primeiro nome do rap brasileiro a gravar em um álbum, tendo participado, em 1988, da coletânea “Hip-Hop Cultura de Rua”, com a faixa “Corpo Fechado” (composição de Thaíde em parceria com Marcos Telesphoro).
O álbum de estreia da dupla, “Pergunte a Quem Conhece” de 1989, contou com produção de Nasi e André Jung, então integrantes da banda “ Ira!”, e apresentou canções como “Consciência”, “(Cláudio) Eu Tive Um Sonho” e “Minha Mina”, todas composições de Thaíde e sucessos nacionais.
Em 1990 veio o segundo álbum, “Hip Hop na Veia”, e antes mesmo dele ser lançado, a atuação de Thaíde & DJ Hum já havia garantido um lugar histórico no hip-hop nacional.
Em 1992, a dupla lançou “Humildade e Coragem São Nossas Armas para Lutar”, no selo independente TNT, e em 1996, o álbum “Preste Atenção”, que trouxe o hit “Senhor Tempo Bom”, canção que traz a retrospectiva da infância e adolescência de Thaíde, bem como da música negra no Brasil nos anos 70 e 80.
Vieram mais alguns álbuns até que, em 2000, a dupla lançou o álbum “Assim Caminha a Humanidade” e logo em seguida, em 2001, encerrou oficialmente a parceria.
Carreira solo e transição para outras mídias
Após o fim da dupla, Thaíde ampliou atuação: em 2002, integrou a banda Edição Especial, que misturava funk, soul, jazz e rap. Em 2004, publicou o livro “Pergunte a Quem Conhece: Thaíde”, escrito em parceria com o jornalista César Alves, que traz sua trajetória.
No cinema e na TV, também marcou a sua: em 2006, interpretou o personagem Marcelo Diamante no seriado “Antônia”, de Tata Amaral. Na televisão, apresentou programas como: “Yo! MTV Raps” (2000); “Manos e Minas”, na TV Cultura (2009) e “A Liga”, na Rede Bandeirantes (2010). E no rádio, comandou também o programa “Metro Black” da Rádio Metropolitana.
Como artista solo, Thaíde lançou os álbuns: “Caboclinho Comum” (2005); “Thaíde Apenas” (2007)-que trouxe o grande sucesso “Pra Cima” (parceria com DJ Dri); e o EP “Malandragem é Viver!” (2014).
Depois, em 2017, veio o álbum “Vamo que Vamo Que o Som não Pode Parar”; em 2023 o EP “Black Brasa”; e, agora em 2025, seu último lançamento: “Corpo Fechado, Mente Aberta”, com 13 faixas.
Thaíde é considerado um dos expoentes da velha-escola do hip-hop brasileiro, ao lado de nomes como Racionais MC’s. Ele ajudou a legitimar o rap como expressão cultural no Brasil, não apenas como estilo musical, mas como manifestação urbana de periferia, de movimento e de luta.
Celebrar Thaíde é celebrar um artista com uma importância significativa para a nossa cultura e que segue ativo, influenciando gerações com sua rima, postura e sua trajetória.

