O agronegócio brasileiro vive um momento de consolidação e, ao mesmo tempo, de grandes oportunidades para expandir sua presença internacional
O agronegócio brasileiro vive um momento de consolidação e, ao mesmo tempo, de grandes oportunidades para expandir sua presença internacional e fortalecer sua competitividade interna. Nos últimos anos, a abertura de mais de 200 novos mercados em cerca de 20 meses, conforme dados do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), demonstra não apenas a força produtiva do setor, mas também sua capacidade de se adaptar às demandas globais, diversificar parceiros comerciais e ampliar o valor agregado de seus produtos.
Esse avanço, no entanto, precisa ser acompanhado por políticas industriais e de inovação que garantam que o país não seja apenas um fornecedor de commodities, mas um protagonista em cadeias de maior valor. É nesse contexto que o Plano Nova Indústria Brasil (NIB) assume relevância estratégica. Lançado pelo governo federal, o NIB tem como objetivo estimular a reindustrialização do país, impulsionando cadeias produtivas estratégicas, a inovação e a transição para uma economia de baixo carbono. Sob a ótica do agronegócio, o plano representa uma oportunidade de integrar de forma mais efetiva a agroindústria brasileira a um ambiente tecnológico avançado, explorando áreas como bioeconomia, biotecnologia, agricultura de precisão e produção sustentável.
Além disso, a proposta de fomentar a industrialização com foco em cadeias regionais pode trazer ganhos expressivos para polos agroindustriais no interior do país, aproximando a produção primária de processos industriais e logísticos. De acordo com estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI), cada R$ 1 investido na agroindústria pode gerar até R$ 2,50 na economia como um todo, reforçando o efeito multiplicador desse segmento. Outro dado relevante, divulgado pela Embrapa, aponta que a produtividade da agricultura brasileira cresceu 4,28% ao ano entre 1975 e 2022, taxa três vezes superior à média mundial, o que reforça o potencial do Brasil de liderar a produção sustentável globalmente. Porém, para transformar esse potencial em liderança consolidada, é preciso investir de forma consistente em infraestrutura, inovação e capacitação de mão de obra, três pilares que o NIB coloca no centro de suas diretrizes.
O desafio é garantir que esses investimentos sejam executados com agilidade, transparência e alinhamento às demandas reais do setor. A visão de futuro para o agro brasileiro não pode se limitar à expansão de fronteiras agrícolas, mas deve incluir a verticalização da produção, o fortalecimento de marcas nacionais no mercado internacional e a inserção de empresas brasileiras em cadeias globais de valor.
O Plano Nova Indústria Brasil, se bem articulado com as forças produtivas do campo e com políticas de comércio exterior, pode ser a ponte para essa transformação. Mais do que um conjunto de metas, ele pode se tornar o catalisador de uma nova era em que o Brasil exporta não apenas grãos, carnes e fibras, mas também tecnologia, inteligência e soluções sustentáveis para alimentar o mundo.

